domingo, 9 de setembro de 2007

:: ADIANTADO ::

Por Maurício Santos
A vida passa
Pelos segundos que me sufocam
Pouco a pouco eu me esqueço
De dizer...
Te amo.
É armadilha do tempo
Então a vida voa
E os segundos já esquecem
De me entristecer.
É o vazio do silêncio
Sou eu , esperando...
Você.
Desculpe,
mas eu esqueci de te esquecer.
Essas palavras já não
conseguem mais falar
por mim
E eu já até esqueço
De me interromper..
Mais um segundo se passa
Ontem já era cedo
É o futuro que me alcança.
E então eu me transporto
Pra te ter...
E nessa dança do tempo
Que eu já não sou mais eu...
Sem lembrar do medo,
Sem me importar com as horas,
Com você...
Onde o tempo parou?
Onde meu mundo mudou?
As horas giraram ao contrário
E meu relógio nem reparou.

Minhas amigas sabem amar


De autoria de Liana Carvalho, acadêmica de Jornalismo da UNIVALI, a crônica a seguir é mais uma prova de que precisamos parar de sentir errado. Tranformar um bandido em príncipe encantado é tarefa difícil, anti-moderna e completamente ultrapassada. Pra quem acha essa história de "amor bandido" pra lá de tediosa, deve colocar o pensamento pra trabalhar em busca de mais auto-estima e racionalidade.

Muita luz!
Siga em frente e não esqueça:
PARE DE AMAR ERRADO!
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AMIGA: LIANA CARVALHO

CASA DOS 30



Karen fez aniversário e não se conforma que agora é uma mulher na casa dos 30. Depois da festa sem graça que promoveu em seu apartamento, e das risadas quase falsas que os amigos conseguiram arrancar de seu rosto, foi dormir. Caiu exausta na cama e também num poço de lembranças e nostalgia.Lembra-se que a década passada foi ontem... Seus olhos estão fechados e o pensamento que insiste em tomar conta das conexões entre seus neurônios formam pontes que a cada segundo levam a um tema torturante. Sua mente, praticamente, entrou numa espécie de regressão. Vem à tona cada amor vivido, cada erro cometido.

Para Karen, o mais difícil neste momento é perceber que o tempo passa, mas sua ignorante sensibilidade parece estagnada. Ela esquece de progredir e se comporta como se descobrisse o primeiro amor a cada nova paixão que aparece em sua vida. A preocupação que mais a assola é que seu coração não evolui conforme o avanço da idade. Karen vive a tentar combater aquele sentimento que ela julga ridículo, mas que tem consciência que aos 30 anos nada mudou! Ela jurava que essa era a idade limite para passar por isso. Até então, ela continuava em busca de um príncipe e estava completamente apaixonada.

Sente-se viver anestesiada pelo amor. É capaz de sofrer até com a balada pop-brega de Zezé de Camargo. Começa a se achar a vítima do mundo! Que triste a sua sina de chegar à idade do “equilíbrio interior” e da “maturidade divina” sem saber se vai ter a famosa e concorrida metade da laranja... Sua cabeça meio tonta, conseqüência de um certo exagero alcoólico – combustível consolador – torna-se confusa por ter criado tanta expectativa de encontrar seu “pseudo-namorado” que não deu às caras em sua festa de aniversário. “Nem um telefonema sequer”. Ela sabia que ele não era capaz nem de mandar uma mensagem, mas adorava imaginar que tudo poderia ser diferenteAs idéias mais estúpidas passavam pela sua cabeça, como por exemplo, quanto gastou no salão fazendo aquela escova progressiva e seu amado nem se interessou em conferir como ela estava linda e radiante naquele dia tão especial. Inteligente, sabia que pensar aquilo era o cúmulo da futilidade. Tantas coisas a aproximam de tentar descobrir realmente o que é esse estranha droga chamada paixão... Afinal o que é esse sentimento que afeta Karen e mais o público feminino inteiro de um shopping em liquidação? Quando ela está nos braços do bofe chega a ter momentos de êxtase (algo inenarrável, muito maior do que o prazer de ver no telejornal o dia em que a ciência descobriu a fórmula do chocolate que não engorda). Mas os encontros são casuais... e quando ela acorda, é sempre igual, o feitiço acaba, ele vai embora sem previsão de estar ali de novo. Talvez na próxima balada ele esteja livre, talvez não. Em dia friozinho, então, ela torcia desesperadamente pra ele aparecer no visor do seu celular, na sua rua ou na sua frente.Por mais que se esforçasse, não entendia muito bem a frase “Que seja eterno enquanto dure” de Vinícius de Moraes. O que ela achava que era totalmente recíproco, para ele, durava apenas algumas horinhas, ou mesmo minutos, ou quem sabe, segundos... ou melhor, o equivalente à uma ejaculação. Era tudo muito contraditório! Àquela maravilhosa noite de amor com direito a juras e promessas perdia a validade como um salpicão fora da geladeira.Karen percebe que não poder compartilhar mais vezes de seu homem é sua maior aflição. Ficava indignada por isso. Precisar de um exemplar da raça masculina não podia ser um principal fator para desencadear sua depressão. Pôs-se a imaginar uma forma de se livrar daqueles loucos pensamentos e o que fazer para recuperar sua total sanidade mental.Levanta e vai pra frente do computador mandar um e-mail desaforado para o causador de sua insônia. Imagina que desabafar seria o ideal. Mal puxa a cadeira e logo desiste pois dá de cara com sua verdadeira e cruel realidade, ele nem respondeu o último enviado. Aliás, ele nunca respondeu nem um recado do Orkut. Sentada a beira da cama sob sua própria companhia, o abajour ilumina suas ilusões.Começa a tentar pensar de outra forma, tem raiva de si mesma e sente-se culpada por ter ido longe demais no seu imaginário. Aquele homem dava pistas de que não queria nada sério fazia tempo. Mas ela mentia pra as amigas e pra si mesma quando contava seu caso de amor. No fundo era só tesão. Ela apimentava suas lembranças e repassava para os babados. Foi esse o motivo que a fez se apaixonar. Estava mesmo era doente, o diagnóstico era algo como paixonite aguda sem razão.Confortava-se lembrando das sábias palavras de seu pai que dizia: “Os problemas são muito maiores quando imaginamos do que quando passamos por eles” Então apagou a luz e foi dormir com os fantasmas que não paravam de lhe assombrar. Tudo foi gradativo. Aos poucos a tortura começou a ir embora. Depois do chororô abafado sentiu uma paz que a invadia. Tentava trabalhar sua mente de que é importante sonhar, sim, mas não se entregar a um sentimento que deseja ser dono apenas do seu corpo.De manhã tomou vergonha na cara e viu que uma mulher de fibra não se deixa abater por nenhum motivo. Finalmente se tocou que o coração poderia não evoluir, mas a mente sim. Aos 30, uma mulher já tem vários carnavais e não poderia ser uma paixão inventada por ela mesma que a derrubasse. Afinal, essa era uma das grandes vantagens das 30 velas no seu bolo. Tomou um longo banho, se olhou no espelho e viu uma pessoa diferente ali na frente. Conseguia enxergar não só sua aparência. O espelho tinha o dom de fazer um raio X (não, não eram seus órgãos que ela via com nitidez),ali aparecia uma mulher nua, sem maquiagem. Pronta pra vida como ela é, sem disfarces.
Estava meio paranóica. Devorou livros de auto-estima e leu na Veja sobre o que acontece com o cérebro apaixonado. Tirou suas próprias conclusões: Estar cegamente apaixonada, é entrar em um estado hipnótico profundo, é uma obsessão. Quase uma maldição. Estava desmistificado o mito... O que essa mulher sentia era a dificuldade de encontrar o amor em si mesma.Um ano se passou e lá estava Karen abrindo as portas de seu apê para seus amigos festejarem seu aniversário de 31 anos. Ali estava uma nova mulher. Sua risada era verdadeira e seus amigos tinham papos agradabilíssimos que lhe rendiam gargalhadas desprendidas e sinceras. Karen estava solteiríssima. No máximo, pegava uns “freelancers” da vida. Decidida e amando sua sensualidade de mulher de trinta e poucos. Mas na vida tudo tem seu preço. Karen agora acha esquisito um casal que chama um ao outro de “mô”... acha isso meio cômico e seu maior problema aos 31 é outro: Não consegue mais se apaixonar...pelo menos enquanto seja eterno.